Resenha #02 - Homens Sórdidos
Insanidade, Confusão, Sangue e Trevas
Parece uma chamada para um livro de terror, mas saibam que se trata de uma fantasia medieval muito bem desenvolvida.
Fala galera. Tudo bem?
Estão lendo bastante?
E escrevendo?
Então, hoje é dia de mais uma resenha e dessa vez, tenho a honra de apresentar à todos essa magnífica obra de fantasia medieval que se mistura com ficção histórica e as vezes até mesmo com dark fantasy.
Isso mesmo, esse é o nível da habilidade de Fábio Hingst capaz de presentear a humanidade com uma obra de tamanha qualidade, e olha que ela ainda nem está completa.
O autor disponibilizou gratuitamente pelo Wattpad, apenas sete dos treze contos prometidos para a coletânea, como forma de degustação, até que o livro tenha sua publicação completa. Entretanto, o fato de não sabermos a história completa, não prejudica em nada a experiência de leitura.
Todos os contos são divididos em três partes e são contados pelas perspectivas dos mais diversos estereótipos dos homens da alta idade média: temos o Cavaleiro, Arqueiro, Pescador, Carniceiro, Caçador e Rebelde.
Pode-se perceber, com muita nitidez, o quanto o autor se dedicou em pesquisas e em referências que pudessem trazer uma verossimilhança para a história, visto que todos os personagens são muito bem desenvolvidos e únicos.
É muito comum em uma coletânea de contos, termos personagens diferentes que "no fundo, no fundo" parecem ser o mesmo personagem, devido às suas ações e falas. Em Homens Sórdidos isso está longe de acontecer. Não só os protagonistas de cada um dos contos é único, como também cada um dos outros inúmeros personagens que interagem com estes ao longo das tramas.
Os contos são histórias separadas, mas que tem uma conexão entre si, de modo que algumas coisas só ficam bem explicadas em contos de outros personagens, então recomendo que leia na ordem escolhida pelo autor para ser surpreendido pelos incríveis plot twists trazidos por Fábio.
Por último, mas para fechar com chave de ouro, o ponto que mais me chama atenção nessa obra, é a escrita extremamente inteligente e bela do autor. Não chega a ser rebuscada. É uma verdadeira aula de gramática e em certos pontos chega a ser tão bonito que nos dá a impressão de estarmos lendo uma prosa poética. Isso fica bem explícito nas maravilhosas descrições de cenário, de personagem e de sentimentos que o autor nos traz, colocando a escrita de George R. R. Martin e Bernard Cornwell em cheque e provando para muitos os que ainda tem dúvida de que o Brasil tem muito escritor bom, muito escritor de qualidade e bem melhor do que muito escritor gringo.
Abaixo deixo uma das descrições que mais me impactaram em toda a narrativa, pertencente à terceira parte do conto do Carniceiro:
Uthred Testa-rachada, feioso, de ombros largos, encobertos por ombreiras lustrosas, braços musculosos de veias saltadas e o cabelo e a barba entrelaçados numa confusão ruiva na face sardenta, vinha logo atrás do caçador, contendo o garrano arredio, de pelagem avermelhada como a dele, a afoguear veemente. Em seguida, Isaac Guaymarr, um homem temível, de membros compridos e pele escura, trajado numa cota de malha em contraste, grande para ele, dava seguimento junto de Meryn Altsford, um fidalgo bem-nascido, de semblante duro, que era familiarizado com o arco longo apoiado na escápula, com a rapineira atada no pesado cinturão, a atritar com a bota fina de veado, e com o brasão da lança dourada flamejante de sua família esculpida no broche que sustentava uma curta capa carmesim esvoaçante.
[Homens Sórdidos, Fábio Hingst, Carniceiro 3]
Pra quem ficou curioso em ler essa obra, clique aqui para ir direto ao wattpad do autor e conferir essa maravilha.
Pra quem quer saber mais sobre o autor pode olhar no instagram dele (@fhhingst).
Espero que tenham gostado do artigo.
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Que Deus abençoe a todos.
Muito sucesso na escrita.
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