Resenha #05 - Fahrenheit 451

09/02/2021

E se os livros fossem proibidos?


Fala galera.
Tudo bem?
Como anda a escrita e leitura de vocês?


No resenha desse mês, venho trazer uma ótima novela do autor norte-americano Ray Bradbury, nascido em 1920. Ele é considerado um dos maiores nomes da ficção científica e faleceu em 2012, aos 92 anos, porém, em 1953 publicou a primeira edição de Fahrenheit 451.

A obra se encaixa no gênero de distopia, pois tem todas as características deste: um governo autoritário e controlador, que impõe inúmeras regras de conduta ao seu povo. Há também elementos da ficção científica que, para a época em que o livro foi lançado, seriam considerados grandes avanços tecnológicos, mas que para nós agora em 2021, não são tão grandes assim.

O livro conta a história de Montag, um bombeiro, cuja função não é mais apagar e controlar incêndios e sim causá-los.

Como assim?

Exato. No texto proposto por Bradbury, os bombeiros eram os responsáveis por incendiar as residências que mantinham livros escondidos em seu interior. Curiosamente as casas eram "à prova de fogo", entretanto, tudo que havia dentro destas eram incineradas pelas flamas.

Montag se sentia confortável com sua vida, até que um dia conheceu uma garotinha muito peculiar e cheia de questionamentos sobre a vida. Fazia-o inúmeras perguntas e propunha reflexões e estas motivavam cada vez mais a Montag sair de sua "zona de conforto psicológica" e buscar um algo a mais na vida.

Acontece que essa menina desaparece repentinamente, mas as reflexões propostas por ela ficam fazendo com que Montag se motive a mudar a situação que vive em busca das respostas.


O livro não é composto por capítulos e sim por partes. São três partes e que podemos perceber nitidamente a influência da estrutura de roteiro conhecida como Estrutura de Três Atos.

Isso me incomodou um pouco na hora da leitura, pois você tem que encontrar pontos chaves onde interromper a leitura, afinal você não vai ler tudo de uma só vez, não é mesmo?

O primeiro dos três atos é o mais moroso e o livro começa bastante reflexivo. Ao passar da metade do primeiro ato pra frente, a história fica ainda mais interessante e intensa e isso permanece até o plot twist na metade do terceiro ato, diminuindo a tensão narrativa somente no desfecho do terceiro ato e encerramento da história.


É um livro bastante reflexivo envolvendo várias questões humanas como casamento, filhos, estruturas sociais e posturas diante das situações que nos acomodam. Também trás críticas pela doutrinação dos programas de Televisão o que eu achei muito pertinente e que se encaixa bem com o que vivemos no Brasil nos tempos atuais.

A leitura é bastante confortável, a forma como o autor escreve não apresenta palavras difíceis e creio que a tradução foi muito bem feita, pois se torno bem agradável de ler.


O que mais me motivou a comprar e ler esse livro foi a curiosidade que vi a respeito do título do mesmo: Fahrenheit 451 é a exata temperatura em que o papel entra em combustão, fazendo uma total alusão ao que vai ser retratado no livro.

O que eu mais gostei, porém, foi um trecho chamado de CODA, após o posfácio, escrito pelo próprio autor, em que ele retrata muitas das coisas que aconteceram após a publicação da primeira edição do livro. Muitas sugestões e críticas que sofreu, além de convites de adaptar o livro para o teatro e as mudanças que precisava fazer.

Para mim que sou escritor, me impactou bastante o trecho em que ele faz um desabafo: 

"[... ]Se os mórmons não gostam das minhas peças, eles que escrevam as deles. Se os irlandeses detestam meus contos passados em Dublin, eles que aluguem máquinas de escrever. Se os professores e os editores das escolas elementares acharem que minhas frases trava-línguas partirão seus dentes de leite, eles que comam bolo rançoso embebido em chá fresco de sua própria produção apóstata[...]."

Isso me fez refletir bastante como escritor. É inevitável agradar à todos com os seus escritos, suas histórias. E não há nada de errado com isso. Também não é correto nós mudarmos nossa maneira de escrever para tentar agradar à todos, pois isso não vai acontecer. O melhor a se fazer, é escolher seu público e escrever para este público. E se o outro público não se sentir representado em suas histórias, eles que aliguem máquinas de escrever e vão produzir seus próprios contos.


Espero que tenham gostado da resenha.

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Grande abraço.

Fiquem com Deus

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